Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é a principal causa de demência neurodegenerativa, além de ser a principal doença neurodegenerativa em todo o mundo. A sua frequência aumenta consideravelmente com o passar da idade, passa de 5,3% das pessoas entre 65-74 anos, chegando a 35% das pessoas com mais de 85. Atualmente estima-se que tenham cerca de 1,5 milhões de brasileiros com Alzheimer e que essa prevalência possa triplicar até 2050.

É mais comum em mulheres, até dois terços dos casos, e estudos sugerem que pessoas afrodescendentes tenham mais chance de desenvolver Alzheimer. Outros fatores de risco incluem hipertensão e diabetes, tabagismo, insônia, traumatismo craniano, perda auditiva, agrotóxicos, depressão e uso crônico de benzodiazepínicos (diazepam, rivotril entre outros). Por outro lado, atividade física, atividades sociais e maior quantidade de anos de estudo protegem contra a doença. A história familiar de demências causa preocupação a familiares, mas é importante ressaltar que a doença de Alzheimer genética (causada por genes específicos - APP, PSEN1 e PSEN2) costuma trazer sintomas cognitivos antes dos 65 anos de idade e ocorre em uma pequena porcentagem dos casos, cerca de 1% apenas. Há outros genes que trazem apenas um risco maior de ter Alzheimer, como o APOE e4, que pode antecipar a idade de início e aumenta em até 8x a chance da demência. Mesmo assim, a testagem desses genes é feita somente em casos selecionados, quando existem suspeitas fortes de envolvimento genético.

O diagnóstico se baseia fortemente na entrevista clínica e em testagens cognitivas feitas em consultório. Identificam-se os principais sintomas (perda memória progressiva, desorientação nos dias e locais, repetições de histórias e perguntas, perda de objetos em casa, dificuldade de aprender coisas novas e alterações comportamentais). Juntando essas informações de perda cognitiva junto com perda de funcionalidade (dificuldade para pagar contas, preparar refeições, fazer compras...) chega-se a um diagnóstico de demência. Um padrão de demência que envolva inicialmente mais memória e orientação sugere que a causa seja a doença de Alzheimer. Sempre se deve complementar a investigação com exames de sangue e uma imagem cerebral (preferencialmente uma ressonância magnética). O surgimento de novos exames de biomarcadores no líquor (líquido que envolve o cérebro e a medula) traz novas opções diagnósticas, mas anda são reservados para casos duvidosos.

O tratamento desses pacientes deve incluir uma intervenção nos fatores de risco, como os cardiovasculares (manter hipertensão, diabetes e dislipidemia controlados), déficit auditivo e depressão. Deve-se tratar distúrbios do sono, estimular atividade física, e atividades cognitivas e sociais. Quando a perda de cognição começa a interferir nas atividades diárias e diminui a independência do paciente, inicia-se com tratamento específico com os remédicos anticolinesterásicos (rivastigmina, donepezila e galantamina), além da memantina. Essas medicações buscam melhorar os sintomas, porém não trazem mudanças na progressão do processo neurodegenerativo. O surgimento de agressividade e alucinações pode exigir o uso de antipsicóticos.

O uso de suplementos como ômega 3 e gingko biloba não tem evidência científica e não são recomendados. Novas medicações como o anticorpo monoclonal ADUCANUMAB estão em desenvolvimento, porém os estudos recentes mostram efeito pequeno até o momento.

Bibliografia

  1. 1. Eric M. McDade, CONTINUUM (MINNEAP MINN), 2022;28(3, DEMENTIA):648–675
  2. 2. Abigail Dove et al. The impact of diabetes on cognitive impairment and its progression to dementia. Alzheimer’s Dement. 2021;17:1769–1778.
  3. 3. Milou J. Angevaare et al. Predictors of Incident Mild Cognitive Impairment and Its Course in a Diverse Community-Based Population. Neurology 2022;98:e15-e26
  4. 4. Ruixue Song et al. Association of cardiovascular risk burdenwith risk of dementia and brain pathologies: A population-based cohort study. Alzheimer’s Dement. 2021;17:1914–1922.
  5. 5. Tolar et al. Aducanumab, gantenerumab, BAN2401, and ALZ-801—the first wave of amyloidtargeting drugs for Alzheimer’s disease with potential for near term approval; Alzheimer's Research & Therapy (2020) 12:95

Entrevistas

Entrevista no dia de coscientização do Alzheimer, RDCTV

Entrevista no dia de coscientização do Alzheimer, TVE