Toxina Botulínica

A toxina botulínica é retirada da bactéria clostridium botulinum, o germe que causa o botulismo. A toxina é então isolada e purificada em laboratório para poder ser usada no tratamento para diversas condições médicas e estéticas.

Sua função é impedir a liberação da acetilcolina (ACh) na junção neuromuscular, ou seja, não permite que os neurônios liberem essa substântica nos receptores dos músculos. Dessa forma, a toxina impede a contração muscular e produz um relaxamento do músculo selecionado. Esse bloqueio tem uma duração de aproximadamente 3-4 meses e, após esse período, as contrações musculares voltam a ocorrer normalmente. Por essa razão, esse deve ser o intervalo entre cada aplicação da toxina.

Na neurologia, a toxina tem diversas indicações que podem ser divididas de forma simplificada em alguns grupos: pacientes com rigidez muscular tipo espasticidade. Essa rigidez surge após lesões cerebrais como no AVC (isquêmico ou hemorrágico), nas lesões por esclerose múltipla, após lesões traumáticas (acidentes com trauma craniano ou medular), entre outras. Outro grupo é o dos movimentos involuntários (principalmente para os movimentos do tipo distonia e para os espasmos faciais). Também há indicação para salivação excessiva (sialorreia) que pode estar relacionada à dificuldade de deglutição (disfagia). A enxaqueca é uma indicação mais recente de uso da toxina.

O tratamento com a toxina botulínica tem poucos efeitos colaterais. A maioria está relacionada com dor e pequenos sangramentos no local da aplicação. Outra possibilidade é a fraqueza exagerada do músculo alvo ou a fraqueza de músculos próximos que não estavam no planejamento do tratamento. Todos esses efeitos adversos são bem tolerados e limitados, tendo recuperação espontânea após dias/semanas depois da aplicação.

Bibliografia

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  2. Natalya Danchenko et al. The cost-effectiveness of abobotulinumtoxinA (Dysport) and onabotulinumtoxinA (Botox) for managing spasticity of the upper and lower limbs, and cervical dystonia. J Med Econ. 2022 Jan-Dec;25(1):919-929.
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