Doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que possui distribuição em todos os grupos étnicos, com uma discreta predominância nos homens. Atinge 1-3% da população acima de 65 anos e sua frequência aumenta conforme o aumento da idade. É a segunda doença neurodegenerativa mais comom, fica atrás somente da doença de Alzheimer. No Brasil, há apenas um estudo feito em nossa população que identificou uma prevalência de 3,3% de DP entre idosos maiores de 64 anos. Embora predomine na faixa acima dos 60 anos, há casos em pacientes mais jovens que contabiliza cerca de 10% dos casos e têm maiores chances de apresentarem uma causa genética. A DP atinge atualmente cerca de 5 milhões de pessoas no mundo e, por tratar-se de uma doença progressiva e levando em conta o aumento da população idosa, mais de 9 milhões de pessoas devem apresentar a doença em 2030.

A DP se caracteriza principalmente por seus sinais motores: bradicinesia, (lentidão e dificuldade em iniciar os movimentos voluntários), rigidez (resistência involuntária do tônus muscular) e tremor durante o repouso. Esses sintomas apresentam início e evolução assimétricos (costumam atingir mais um lado do corpo), com instabilidade postural (desequilíbrio) frequentemente presente nas fases mais avançadas. Além dos sintomas motores, a DP apresenta também uma série de sinais e sintomas não-motores. Entre esses, anosmia, constipação, depressão, déficit cognitivo e distúrbio comportamental do sono REM (alteração que leva as pessoas a falarem e se movimentarem enquanto estão sonhando) são algumas das manifestações que podem ajudar no diagnóstico, mas por outro lado contribuem para a piora da qualidade de vida dos pacientes. É uma doença progressiva que pode levar a diversas incapacidades durante a vida e ao aumento de custos no sistema de saúde e previdenciário.

Os sintomas motores e não-motores da DP são bem controlados com as medicações dopaminérgicas nos estágios iniciais da doença, principalmente com a levodopa que é a medicação mais antiga e a mais eficaz. No entanto, com a progressão da DP, os sintomas podem se tornar difíceis de manejar devido ao surgimento de flutuações motoras (perda do efeito da levodopa com retorno de sintomas parkinsonianos) e efeitos colaterais do próprio tratamento, mais especificamente discinesias (movimentos involuntários induzidos pela própria levodopa), que podem ser incapacitantes. Com o tempo, vai se tornando difícil equilibrar efeitos positivos e negativos das medicações.

A estimulação cerebral profunda (DBS) é uma alternativa de tratamento em alguns casos selecionados. O DBS é um procedimento cirúrgico que instala eletrodos em regiões específicas do cérebro que ajudam a controlar os movimentos. Pacientes que têm limitação no tratamento quando ocorre uma diminuição da janela de tratamento - ou seja, quando o aumento da dose de levodopa induz as discinesias e a retirada de levodopa deixa a pessoa mais rígida e lenta. A cirurgia tem capacidade de manter um tratamento mais efetivo com melhora na qualidade de vida.

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Entrevistas

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